segunda-feira, 5 de julho de 2010

Conto: Arrependimento Eterno

Conheço Amélia desde que era criança. Nossos pais trabalhavam juntos e algumas vezes eu tinha que ir até ao encontro pois não havia ninguém para cuidar de mim em casa. Vivo na Inglaterra, em pleno século XVI, meu nome é Alastair e sou marinheiro. Bom, pelo menos era marinheiro antes desse evento.
Era tarde e eu estava feliz por voltar para casa, havia passado mas de dez anos longe, navegando, tinha sido duro para mim abandonar minha família com apenas 13 anos mas era meu sonho ser marinheiro e, por conselhos de meu pai, eu entrei de penetra nesse navio em que trabalho até hoje. Na verdade meu pai nunca foi o que parece ser, um homem direito e bem educado, durante a minha infância, a maior parte das minhas traquinagens eram ideias dele. Quanto a tripulação do navio, bem, eles nunca notaram que eu não havia sido chamado para lá e nunca perceberam que eu era, na verdade, um penetra.
Era noite quando chegamos no cais e fui correndo direto para casa, sem nem me despedir de meus colegas. Havia escrito uma carta para meus pais dias antes avisando que chegaria, só o que me passava na cabeça é se ela havia chegado.
Cheguei em casa e o mordomo atendeu a porta, ele me levou diretamente para a sala onde estava meu pai, minha mãe e... Amélia. Ela e seu pai estavam sentados no sofá em frente à meu pai e minha mãe. Meu pai continuava igual como eu me lembrava, apenas aparentava estar um pouco mais velho. Porém quem me chamou a atenção foi Amélia. Seus cabelos dourados haviam crescido até os ombros e seus olhos me pareciam mais intensos. Vestia um vestido longo e vermelho e quando veio me abraçar pude sentir que seu cabelo cheirava a doce brisa do mar.
-- Alastair!!! -- Amélia parecia animada em me ver -- Quanto tempo! Sentimos todos muitas saudades!
Meu pai explicou que havia chamado Amélia e seu pai para casa para comemorar minha chegada e prontamente o pai de Amélia pediu que lhe contasse as histórias de minhas viagens. Contei com grande entusiasmo, porém meu cérebro não conseguia desviar sua atenção de Amélia. Cada esboço de sorriso já me era como um prêmio para toda a vida.
Já era tarde quando eles se foram e fui direto para a cama. Deitei-me no meu quarto pela primeira vez desde que parti, porém não consegui matar minhas saudades, pois toda vez que me lembrava de Amélia minha cabeça se agitava, e como eu pensava nela o tempo todo a conclusão foi uma noite em claro.
Dia seguinte, por pedido meu, nos encontramos, eu e Amélia, no cais. Conversamos sobre como a vida em casa havia passado desde que eu saíra. A mãe de Amélia morrera de uma doença fatal e seu pai também não parece muito bem de saúde. Depois ela me perguntou sobre minha vida no mar, se havia conhecido muitas culturas diferentes e me perguntou se havia arranjado uma namorada. Ficamos o dia inteiro conversando sobre futilidades, porém no fim eu me aproximei para beija-la e ela se afastou.
-- Perdão! Alastair, eu vou me casar em um mês, não posso.
-- Fuja comigo! Deixe seu casamento.
-- Mas eu o amo! Alastair, você sempre me será um grande amigo e só. Não irei deixar o amor da minha vida por você.
Vi ela se afastando e, não sei o que deu em mim para segui-la, só que o fiz. Cruzei metade da cidade tentando fazer com que ela não me visse e acho que tive sucesso. Ela se encontrou na frente de um restaurante com um sujeito. Não pude ver seu rosto pois já havia escurecido, porém vestia um uniforme de militar marinho e exalava um ar de superioridade. O que mais me impressionou foi sua espada. O punho feita de puro ouro reluzia a luz do luar. Os dois entraram no restaurante e eu fui para casa.
Entrei em meu quarto louco com a vida. Derrubei tudo que vi pela frente. PORRA!!! minha cabeça latejava e meus olhos lacrimejavam. "Eu o amo" ecoava em meu cérebro. Foi nesse momento que a fúria me tomou. Decidi. A pistola que o capitão me deu ainda não fora usada. Iria matar seu noivo, ela entraria em depressão e eu a consolaria. Antes de me xingar de víbora ou de imbecil lembre-se que estava apaixonado. O amor sempre foi uma loucura. O maior problema foi de eu não saber o que ocorria com Amélia nesse exato instante.
Bem distante dali, na casa de Amélia, a jovem não conseguia dormir. Havia passado ótimos momentos com seu noivo que jazia ali deitado ao seu lado, porém não conseguia deixar de pensar em minha proposta. Decidiu me ver e, sem acordar o noivo começou a se vestir. Porém se vestisse suas próprias roupas ela poderia ser detectada por seu pai que não o deixaria sair, afinal, já estava tarde, usaria as do noivo como disfarce, se seu pai a visse pensaria ser seu futuro genro e o deixaria passar, afinal a vista dele não estava das melhores e estava escuro.
Eu andava de passos largos pelas ruas da cidade quando vi caminhando em minha direção o corpo que me paralisou. Poderia ser qualquer militar mas eu sabia que era ele. Pude identificar pela espada feita de ouro. Sem hesitar ergui a arma e puxei o gatilho. Imediatamente percebi que o corpo que caía em minha direção era o corpo de minha própria desgraça.

Reflexão: O mundo de hoje

Alguém já parou para pensar na merda em que vivemos hoje em dia? Digo, nosso mundo é um paradoxo!
Não sei se aquele foi um bom modo de começar a postagem, mas o que eu realmente quero fazer seria um protesto à juventude. Quando ando na rua e vejo o público gostando de coisas como Restart, Justin Bieber ou coisas afins eu desejo cada vez mais ter nascido em uma década diferente, porém antes de fechar a janela deixe-me mostrar o porquê dessa revolta.
O mundo capitalista em que vivemos simplesmente não permite que o talento e o lucro convivam. As empresas sempre querem gerar lucro e descobriram que o que realmente mais vende é a cara bonita das pessoas. Ninguém mais quer saber se o cara é realmente bom no que faz, para se fazer sucesso hoje você só precisa ter dinheiro o suficiente para uma plástica e uma chapinha.
São babacas! Todos babacas!!! Percebe o tamanho da babaquice em que nos encontramos? O talento foi desvalorizado e principalmente a inteligência foi desvalorizada. Não queremos mais saber de letras de protesto ou poéticas, de uma voz bonita ou uma grande habilidade com certo instrumento, o que nos interessa hoje em dia é o rosto do artista, não mais o seu talento. Suponhamos que exista um cara que é considerado por todos o mais feio do mundo, porém com uma guitarra nas mão ele consegue fazer os mortos dançarem. Ele fará sucesso? Responda-me você.
Se isso não foi babaquice o suficiente temos as letras. O que houve com a ideologia do jovem? Os adolescentes têm medo de ver que o mundo em que vive é rodeado por bosta e, por isso desistiu de ouvir músicas que lhe falem isso. Sim caros, o mundo é rodeado por bosta. Gente se matando por motivos que nem são deles. Gente passando fome por motivo... nenhum. Quem gostaria de viver num mundo como esse? É tão mais fácil fugir, não? Foi assim que trocamos o Welcome to the jungle por Baby.
Se isso tudo ainda não foi o suficiente, eu tenho que viver com uma sociedade adulta que me considera babaca como todos os outros babacas. Se vivo numa sociedade de babacas, então eu sou um babaca.


Cumprimentos,
Akio

domingo, 4 de julho de 2010

Conto: O Pôr do Sol

-- Vampiros são cruéis -- dizia meu pai quando era criança -- Eles não são como nós. Eles gostam de ser os demônios que são. Se sentem bem com isso. Toda sua humanidade lhe foi tirada com sua alma.
-- Mas pai! -- Eu sempre ouvia suas histórias, me fascinavam os vampiros e lobisomens -- Por que nunca fala mal de lobisomens?
-- Lobisomens, meu filho, são homens amaldiçoados. Ter ódio de um deles seria ter ódio de um igual. Ainda seria pior, pois ele é condenado a vagar por aí toda lua cheia, sem controle de si mesmo.
Cresci com isso na cabeça. Sempre soube que vampiros não existem mas, sempre que ouvia falar de um um ódio fulminante me vinha à cabeça.
Meu nome é Eric, a propósito. Tenho 27 anos e vivo no século VII. Meu pai é da nobreza e eu vivo numa mansão aos arredores do palácio real. Foi num dia de sol que recebi a notícia. Novos vizinhos estavam de mudança e iam celebrar com uma festa sexta a noite. Eu queria fazer qualquer coisa sexta a noite, menos ir á uma festa.
Os eventos que sucederam não foram importantes, por isso me tomo a liberdade de ir direto à festa de sexta a noite. Animada sim, porém nada que me fizesse me animar muito. Meus amigos cortejavam umas garotas que moravam nos arredores e também foram convidadas. Também não vou perder meu tempo falando de meus amigos, são todos ou cafajestes demais ou bêbados demais para serem mencionados.
Enfim, eu estava esperando até que desceu do andar de cima a filha do dono da casa. Não parecia nada com ele, a única semelhança seria a pele pálida. Ele tinha cabelos castanhos e olhos azuis, ela tinha olhos negros como o breu e cabelos vermelhos como o fogo, fogo que se acendeu em mim quando a vi. Parecia uma linda vampira. Não desconsiderei essa hipótese. Porém como pode uma vampira ser tão amável? Talvez meu pai estivesse errado.
Tomei a dianteira e a convidei para dançar. Ela fez algo de inusitado. Ela me lambeu. Vendo minha confusão se apressou em se explicar.
-- Perdão, senhor, porém este é um hábito comum de onde venho! Queira me desculpar!
-- Não fique preocupada, eu te entendo. E por favor me chame de Eric. -- Fomos dançar mas eu fiquei com uma sensação estranha, como se ela tivesse gostado de meu... bem... "gosto".
O fim da festa foi uma grande despedida. Ela me convidou para ir jantar na casa dela no dia seguinte durante o pôr do sol. "Pode contar que irei" lhe disse.
Tive que aguentar meus amigos tirando sarro de mim enquanto ia para casa, porém no dia seguinte antes do sol tocar o horizonte já estava lá na casa dela. Tão linda. Um vestido vermelho sangue que combinava muito bem com o cabelo.
-- Eu ainda não sei seu nome, não pude deixar de reparar.
-- Amado Eric -- sua voz era doce e suave -- Para quer dizer meu nome se é o nome que representa a única coisa que perdi?
-- E o que seria?
-- A alma-- Prontamente senti dois furos no meu pescoço. Oh dor!

Conto: Uma Rua Escura

Era uma rua fria e escura na qual se encontrava aquela noite. Não era assustadora nem macabra, somente fria e escura. Ele corria como nunca correra antes, estava cansado e o frio congelava suas juntas, tornando a corrida dolorosa, mas tinha que chegar, tinha que conseguir chegar à tempo da festa de aniversário da filha. Ah, a filha. Doce como uma rosa e linda como uma manhã de primavera. E isso que fazia apenas sete anos, imaginava como seria quando crescesse. Iria ter vários pretendentes à namorado, a pobre. Ele riu. Tinha que conseguir. Ia conseguir, pelo menos a tempo do parabéns.
A não ser que o alcancem. Mas por que seria hoje? Justo hoje? Não havia sofrido o suficiente? Pelo menos um dia de sossego seria bom.
-- Você veio -- um homem saiu das sombras da rua. Vestia jaleco preto e um chapéu preto, as sombras cobriam seu rosto.
-- Q-quem é você? -- tartamudeou .
-- Você sabe que eu não queria fazer isso justo hoje. Sim, eu sei que dia é.
-- Por que tem que ser hoje?
-- Não se escolhe uma coisa dessas, meu caro. É simplesmente pré-destinado. O dia perfeito e a hora perfeita. Por acaso você se importaria em me dizer como foi sua semana?
-- Bem... -- A pergunta o pegara de surpresa -- Foi comum, digo, trabalhei como um cão mas consegui um bom salário e comprei coisas legais essa semana. Realizei o que havia planejado e acho que consegui armar uma boa festa para minha filha, embora eu não esteja presente.
-- He! Sempre fazendo tudo o que pode, não? Porém sempre falta algo que você nunca irá completar. Você parece muito calmo, sabe mesmo o que vai acontecer? -- O homem de jaleco indagou mesmo não parecendo surpreso.
-- Posso lhe pedir uma coisa? Vá logo. Termine com isso.
O homem de jaleco sorriu. Levou a mão em direção ao bolso. Segundos depois a rua que já era, se tornou mais escura e fria.

Reflexão: Primeira postagem.

A ideia foi toda minha. O motivo na verdade veio de um fato simples e nada original. Eu adoro escrever. Sim, apenas isso. Pode parecer um motivo muito clichê ou até meio idiota, eu não sei, mas foi o suficiente para me fazer querer criar esse blog. Não, não existe nenhum motivo maior do que aquele. Nada de traumas infantis ou histórias dramáticas, apenas um fascínio pela ficção e literatura.
Agora que disse meus motivos vou falar do blog em si. Existirão dois tipos de postagem. A reflexão e o conto. O motivo para isso é bem simples, eu gosto de me expressar em contos mas as vezes sinto que não são o suficiente para dizer tudo o que quero. Na verdade as reflexões serão apenas um monte de desabafo que você não quer ler, então sinta-se livre para ler apenas os contos (é o que eu faria).
Se alguém realmente um dia entrar nesse blog e ler isso eu espero que goste, meus primeiros cumprimentos.
Akio.