domingo, 4 de julho de 2010

Conto: O Pôr do Sol

-- Vampiros são cruéis -- dizia meu pai quando era criança -- Eles não são como nós. Eles gostam de ser os demônios que são. Se sentem bem com isso. Toda sua humanidade lhe foi tirada com sua alma.
-- Mas pai! -- Eu sempre ouvia suas histórias, me fascinavam os vampiros e lobisomens -- Por que nunca fala mal de lobisomens?
-- Lobisomens, meu filho, são homens amaldiçoados. Ter ódio de um deles seria ter ódio de um igual. Ainda seria pior, pois ele é condenado a vagar por aí toda lua cheia, sem controle de si mesmo.
Cresci com isso na cabeça. Sempre soube que vampiros não existem mas, sempre que ouvia falar de um um ódio fulminante me vinha à cabeça.
Meu nome é Eric, a propósito. Tenho 27 anos e vivo no século VII. Meu pai é da nobreza e eu vivo numa mansão aos arredores do palácio real. Foi num dia de sol que recebi a notícia. Novos vizinhos estavam de mudança e iam celebrar com uma festa sexta a noite. Eu queria fazer qualquer coisa sexta a noite, menos ir á uma festa.
Os eventos que sucederam não foram importantes, por isso me tomo a liberdade de ir direto à festa de sexta a noite. Animada sim, porém nada que me fizesse me animar muito. Meus amigos cortejavam umas garotas que moravam nos arredores e também foram convidadas. Também não vou perder meu tempo falando de meus amigos, são todos ou cafajestes demais ou bêbados demais para serem mencionados.
Enfim, eu estava esperando até que desceu do andar de cima a filha do dono da casa. Não parecia nada com ele, a única semelhança seria a pele pálida. Ele tinha cabelos castanhos e olhos azuis, ela tinha olhos negros como o breu e cabelos vermelhos como o fogo, fogo que se acendeu em mim quando a vi. Parecia uma linda vampira. Não desconsiderei essa hipótese. Porém como pode uma vampira ser tão amável? Talvez meu pai estivesse errado.
Tomei a dianteira e a convidei para dançar. Ela fez algo de inusitado. Ela me lambeu. Vendo minha confusão se apressou em se explicar.
-- Perdão, senhor, porém este é um hábito comum de onde venho! Queira me desculpar!
-- Não fique preocupada, eu te entendo. E por favor me chame de Eric. -- Fomos dançar mas eu fiquei com uma sensação estranha, como se ela tivesse gostado de meu... bem... "gosto".
O fim da festa foi uma grande despedida. Ela me convidou para ir jantar na casa dela no dia seguinte durante o pôr do sol. "Pode contar que irei" lhe disse.
Tive que aguentar meus amigos tirando sarro de mim enquanto ia para casa, porém no dia seguinte antes do sol tocar o horizonte já estava lá na casa dela. Tão linda. Um vestido vermelho sangue que combinava muito bem com o cabelo.
-- Eu ainda não sei seu nome, não pude deixar de reparar.
-- Amado Eric -- sua voz era doce e suave -- Para quer dizer meu nome se é o nome que representa a única coisa que perdi?
-- E o que seria?
-- A alma-- Prontamente senti dois furos no meu pescoço. Oh dor!

Um comentário: