domingo, 4 de julho de 2010

Conto: Uma Rua Escura

Era uma rua fria e escura na qual se encontrava aquela noite. Não era assustadora nem macabra, somente fria e escura. Ele corria como nunca correra antes, estava cansado e o frio congelava suas juntas, tornando a corrida dolorosa, mas tinha que chegar, tinha que conseguir chegar à tempo da festa de aniversário da filha. Ah, a filha. Doce como uma rosa e linda como uma manhã de primavera. E isso que fazia apenas sete anos, imaginava como seria quando crescesse. Iria ter vários pretendentes à namorado, a pobre. Ele riu. Tinha que conseguir. Ia conseguir, pelo menos a tempo do parabéns.
A não ser que o alcancem. Mas por que seria hoje? Justo hoje? Não havia sofrido o suficiente? Pelo menos um dia de sossego seria bom.
-- Você veio -- um homem saiu das sombras da rua. Vestia jaleco preto e um chapéu preto, as sombras cobriam seu rosto.
-- Q-quem é você? -- tartamudeou .
-- Você sabe que eu não queria fazer isso justo hoje. Sim, eu sei que dia é.
-- Por que tem que ser hoje?
-- Não se escolhe uma coisa dessas, meu caro. É simplesmente pré-destinado. O dia perfeito e a hora perfeita. Por acaso você se importaria em me dizer como foi sua semana?
-- Bem... -- A pergunta o pegara de surpresa -- Foi comum, digo, trabalhei como um cão mas consegui um bom salário e comprei coisas legais essa semana. Realizei o que havia planejado e acho que consegui armar uma boa festa para minha filha, embora eu não esteja presente.
-- He! Sempre fazendo tudo o que pode, não? Porém sempre falta algo que você nunca irá completar. Você parece muito calmo, sabe mesmo o que vai acontecer? -- O homem de jaleco indagou mesmo não parecendo surpreso.
-- Posso lhe pedir uma coisa? Vá logo. Termine com isso.
O homem de jaleco sorriu. Levou a mão em direção ao bolso. Segundos depois a rua que já era, se tornou mais escura e fria.

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